domingo, 1 de abril de 2007

Previ defende nova regra para elevar investimento

Teriamos indiretamente uma suposta "desova" de papéis no Médio/Longo prazo ?
Fundo quer avaliação da carteira por seu risco, como ocorre em outros países.Lei impõe limite de 50% do patrimônio para renda variável, e fundo terá de vender parte das ações num momento de queda de juros
GUILHERME BARROS COLUNISTA DA FOLHA
Apesar do superávit acumulado de R$ 34,8 bilhões nos últimos quatro anos, a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, irá vender neste ano R$ 3 bilhões em participação acionária e investir apenas R$ 200 milhões em fundos de "private equity". Tudo isso porque o fundo precisa se adequar às regras de enquadramento da legislação, que impõe um limite de investimentos de 50% do patrimônio em renda variável.
A Previ possui 64% do patrimônio investido em ações. O presidente da Previ, Sérgio Rosa, concorda que essa exigência não deixa de ser um contra-senso, num momento em que os juros estão em queda e a renda variável é considerada pelo mercado uma opção interessante de investimento. Em março, a Bolsa foi a aplicação que gerou maiores ganhos. Desde o ano passado, Rosa tem participado de discussões com a Abrapp, entidade que reúne as empresas de previdência do país, e a SPC (Secretaria de Previdência Complementar) para analisar a possibilidade de mudança da lei. Em diversas partes do mundo, não há mais limites de aplicação em renda variável.
O que conta é o risco da carteira dos fundos.
"A Previ tem uma carteira consistente e poderia ser avaliada por esse método", diz Rosa.
FOLHA - Quais são os planos da Previ para 2007?
SÉRGIO ROSA - Em grandes linhas, a gente pretende vender aproximadamente R$ 3 bilhões em posições acionárias, em razão do nosso problema de enquadramento. Nós temos o compromisso de reduzir para 50% a nossa participação em renda variável até 2012. Atualmente, temos 64% do nosso patrimônio em renda variável. Vamos investir R$ 200 milhões em alguns fundos de "private equity" e de "venture capital".
FOLHA - Já foram selecionadas as participações que serão vendidas?
ROSA - Temos algumas em foco, mas, obviamente, a gente não pode falar.
FOLHA - Alguma tele?
ROSA - Não.
FOLHA - O sr. acredita num processo de consolidação no setor de telefonia? Fala-se muito numa fusão da Brasil Telecom com a Telemar.
ROSA - Acho que essa é uma pauta para o agente regulatório e para as empresas.
FOLHA - De que forma a Previ pode contribuir para o PAC?
ROSA - Diretamente, muito pouco. Indiretamente, pelas empresas nas quais nós já temos participação e que podem ter interesse em algum investimento nos projetos do PAC.
FOLHA - Não é um contra-senso, neste momento de queda dos juros, sair de renda variável? ROSA - No geral, sim, mas somos obrigados. De qualquer forma, o nosso plano de enquadramento foi preparado com muito cuidado. Não estamos fazendo nenhuma venda agressiva de ações. Nós temos um volume de R$ 67 bilhões aplicados em ações e vamos vender apenas R$ 3 bilhões neste ano.
FOLHA - Essas regras de enquadramento não poderiam ser alteradas?
ROSA - Nós acreditamos que sim. A legislação atual é muito rígida. Já existem experiências no mundo mais sofisticadas, com base na análise de risco das carteiras e sem impor percentuais muito rígidos de aplicações. O Brasil pode evoluir nesse sentido.
FOLHA - Isso está sendo discutido no governo?
ROSA - Nós temos discutido com o órgão regulador, a SPC [Secretaria de Previdência Complementar], que está bastante atento a essas questões. A SPC está fazendo um levantamento dessas informações em outros países. Está sendo criado, com bastante cautela, um ambiente que pode vir a mudar um pouco a cara da legislação brasileira.
FOLHA - A Previ tem folga para investir mais do que exige a lei?
ROSA - A Previ tem um superávit bastante confortável e poderia ser supervisionada dentro dessa nova dinâmica de ser avaliada pelo risco da carteira. Nós temos em carteira companhias como Vale do Rio Doce, os três maiores bancos privados do país, Petrobras, Embraer e as maiores empresas de energia. A nossa carteira é bastante consistente. É evidente que renda variável sempre tem risco, até porque não depende só das empresas, mas também do cenário internacional, mas a gente acredita que essas empresas vão continuar se valorizando.
FOLHA - O sr. teria uma perspectiva de quando poderia ocorrer essa mudança na legislação? ROSA - Não, não tenho. Só posso dizer que já existe uma atenção maior da SPC e da própria Abrapp em analisar esse tipo de prática internacional.
FOLHA - Como é a relação da Previ com o governo? Ele dá autonomia?
ROSA - Os fundos vivem um momento muito bom, tanto de rentabilidade quanto de ambiente institucional.
FOLHA - O governo não interfere na Previ?
ROSA - Não, de maneira nenhuma.

Um comentário:

Unknown disse...

Previ reduz sua participação na La Fonte

A Previ prepara a venda de boa parte da sua posição na La Fonte Participações. Já recebeu uma oferta por um lote de 20 milhões de ações preferenciais. A fundação está disposta a se desfazer gradativamente de todo o volume de preferenciais – 120 milhões de ações – mantendo apenas sua presença no capital ordinário, em torno de 13%. A desmobilização faz parte do processo de enquadramento das aplicações em renda variável. Até o momento, a dieta já cortou mais de R$ 4,5 bilhões, com a venda de participações na Arcelor Brasil, Usiminas e Embraer. A meta é chegar à marca de R$ 5 bilhões até agosto.

Com base na atual cotação em mercado, a negociação das preferenciais da La Fonte somaria R$ 150 milhões. Desde o início, a Previ vislumbrou o IPO da La Fonte Participações como uma lucrativa porta de saída para um dos mais criticados investimentos de sua carteira.

A eventualpresença da fundação na ponta vendedora deverá acentuar o período de paralisia das cotações da La Fonte. As ONs variam entre R$ 1,05 e R$ 1,10. As

preferenciais oscilam em torno de R$ 1,30. Em grande parte, a estagnação se deve às sucessivas vendas feitas por um banco de investimentos carioca.

Resultado:o desempenho da La Fonte não condiz com os fundamentos técnicos da empresa. No primeiro trimestre deste ano, a holding teve um lucro de R$ 290 milhões – em 2006, o ganho total foi de R$ 40 milhões. Além do crescimento do Grupo Iguatemi, a ação embute um prêmio de controle decorrente da eventual venda das ações da La Fonte na Telemar.

Dúvidas ou Sugestões ???

Fique a vontade pra me mandar uma mensagem:
bancotario@hotmail.com