terça-feira, 10 de abril de 2007

Topo histórico e outras histórias...

Mensagem extraida do Equipe de Investimentos ( equipe_de_investimentos@yahoogrupos.com.br ), onde com a autorização de nosso colega Serra (autor) temos a obrigação de expormos aos amigos a excelente abordagem sobre o referido Tema...

"Na semana passada, dia 4 de abril, o Ibovespa atingiu um novo topo histórico em termos de fechamento e hoje, 9 de abril, rompeu também o topo histórico em termos de máxima no intradia. Números recordes são sempre objeto de atenção e de notícia e este não seria diferente. Depois da forte queda do dia 27 de fevereiro e que se estendeu até o dia 5 de março, conhecida na mídia impropriamente como “crise da China”, o mercado iniciou uma recuperação gradativa. Ao longo desta recuperação, os ursos apostavam num repique que deveria ser aproveitado para vendas e os touros apostavam que era a retomada da alta primária. O rompimento do topo histórico era o marco necessário para confirmar que o mercado estava novamente na tendência principal de alta e que a forte queda de 27/2 a 5/3 era uma realização de lucros entre as tantas outras.


À medida que as cotações retraçavam o caminho de volta, chegava-se a ver uma verdadeira torcida, uma espécie de contagem regressiva, para a comemoração do novo topo histórico. Ok, chegamos lá! e agora? o que isto significa? A resposta depende do momento em que estamos em relação à vida da tendência primária. Os clássicos de análise técnica ensinam que uma tendência estará em curso até que as evidências demonstrem o contrário. Neste sentido, quando a atual primária de alta iniciou em outubro de 2002 (após a primária de baixa de 2000/2002), não se sabia ainda se era uma simples correção secundária da baixa ou se era uma reversão mesmo da primária. Mas era uma das mais extensas e íngrimes primárias de alta da história do ibovespa.


Vamos a um retrospecto ao atual ciclo de alta. Em novembro/2003 o índice rompia o topo histórico de março/2000 aos 19.046 pontos, retraçando toda a primária de baixa 2000/2002. Este rompimento de topo foi importante pela evidência de que estava em curso uma forte primária de alta. Mas quem esperou o rompimento do topo para comprar atrasou-se muito, perdeu um movimento extenso de alta e poucos meses depois estaria amargando prejuízos (embora relativamente pequenos) durante a primeira grande correção secundária no primeiro semestre de 2004. Esta correção deixou para trás o primeiro topo histórico significativo do novo ciclo em 13/1/04 aos 24.518 pontos, 28,7% acima do topo anterior.


Em novembro/2004 o mercado rompe novamente o topo, reafirmando o vigor da tendência primária. Mas, novamente, quem se encorajou com o rompimento de topo para comprar não estaria comprando no melhor momento pois o mercado ficou muito irregular, com altas e baixas, voltando ao ponto de partida diversas vezes até julho/2005. Estas últimas oscilações deixaram para trás um segundo topo histórico significativo em 7/3/05 aos 29584 pontos, agora 20,6% acima do anterior.


Em 16/09/2005 o topo é novamente rompido. Quem comprou neste rompimento chegou a ficar também no negativo apenas 1 mês depois, na baixa secundária de outubro/2005 que, por sua vez, deixaria para trás agora um terceiro topo histórico em 4/10/2005 aos 32.051 pontos, 8,3% acima do anterior.


Em 1/12/2005 o último topo é rompido. Desta vez, eventuais compras no rompimento teriam trazido bons lucros sem maiores sustos de correções quase imediatas. Do final de janeiro a meados abril de 2006, o mercado ficou oscilando lateralmente, deixando 3 novos pequenos topos, cada qual ligeiramente acima do anterior, quase no mesmo nível. Foram efetivamente 3 novos topos históricos respectivamente a 38.803, 39.394 e 39396, este último em 7/4/2006. Devido às pequenas correções que se seguiram e à proximidade destes topos, vamos considerá-los em conjunto como sendo o quarto topo histórico, 22,9% acima do topo anterior de 4/10/05.


Em 18/4/2006 aquela seqüência de pequenos topos é rompida. Quaisquer compras nestes rompimentos teriam levado a significativas perdas na grande correção de maio e junho de 2006. Esta grande correção deixou para trás o quinto topo histórico significativo de 42.061 no dia 11/5/06 que ficou agora a apenas 6,7% acima do anterior.


Somente em 4/12/2006 o último topo é rompido. Compras nestes níveis foram seguidas por pequena alta e finalmente baixa em janeiro/2007 e que deixou o sexto topo em 2/1/2007, a 7,9% acima do anterior.


Em 14/2/07 o último topo é rompido. Compras nestes níveis sofreram a grande correção de fevereiro/març o de 2007, chamada pela mídia como “crise da China” que na verdade não existiu. Esta baixa deixou para trás o sétimo topo histórico, em 22/2/07 a 46752, ou seja, apenas 3% acima do anterior.


O sétimo topo histórico foi definitivamente rompido hoje, 9/4/07, com o reforço de um belo gap de abertura. Não se sabe quando começará o próximo movimento corretivo que deixará marcado o oitavo topo histórico. Também não se pode afirmar se o próximo topo será o último deste já longo e maduro ciclo de alta.


Mas a seqüência apresentada mostra que o fenômeno do rompimento de topo histórico deve ser interpretado adequadamente: O primeiro rompimento é confirmatório de uma nova tendência. Pode ser aceito como ponto de compra para os mais temerosos que não se arriscaram nos primeiros indícios de reversão. Os rompimentos seguintes são confirmatórios da tendência em curso. Isto é uma grande diferença. Os rompimentos subseqüentes não são bons indicativos de novas compras. Servem, naturalmente, para não se apostar contra a tendência confirmada. Servem para o investidor comprado ter tranqüilidade de ir realizando o lucro com os ventos a favor (e ganhando o “slippage” dos que chegaram tarde). Mas não servem como reforçadores de confiança na tendência porque cada novo topo, além do terceiro, está desafiando a temporalidade ou maturidade da tendência. Os discípulos de Dow (e com mais razão os de Elliott) conhecem bem a mística das 3 ondas de alta. Não considero a contagem de ondas como fator determinístico, mas prudencial. Isto porque o mercado é cíclico e o principal motivador de uma baixa é a própria extensão da alta.


Em 2003 ou 2004, nenhum espirro da China (ou do Greenspan ou qualquer outro pretexto) faria grandes estragos porque não havia nos agentes do mercado nenhum ganho importante a ser protegido com urgência e atropelamento de ordens de venda ao primeiro sinal de perigo. Melhor que comprar o rompimento de topos históricos é comprar as correções secundárias que ocorrem ao longo do ciclo, especialmente a primeira e a segunda correções. Pode continuar subindo? pode. Pode fazer ainda mais 3 ou 4 topos históricos? pode. Mas não se deve acreditar em novas extensões significativas de alta apenas porque um novo topo histórico foi rompido. A hora do plantio acaba e vem a da colheita. E é melhor fazer a colheita com tempo bom.

Comentários são bem-vindos.

Abraços,
Serra "

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