Reportagem do Valor economico de hoje :
Banco dos EUA paga igual a brasileiro para captar
Cristiane Perini Lucchesi
Cristiane Perini Lucchesi
13/11/2007
Gigantes bancários como o Citi têm hoje custo de captação igual ou superior ao dos maiores bancos brasileiros, como Itaú e Bradesco. A crise de crédito nos EUA fez os prêmios de risco das instituições americanas bater recordes. Na comparação com a Vale do Rio Doce ou Petrobras, a diferença a favor das empresas é ainda maior.
Algo raro acontece então: os maiores bancos americanos, tradicionais credores do Brasil, deixam de emprestar às instituições locais, já que não ganham nada com isso. Eles não conseguem ter margem de lucro sobre seu custo de captação, que é igual ou superior. Segundo o Valor apurou, os bancos brasileiros e os maiores americanos captam para prazos de vencimento em um ano em torno de 35 a 40 pontos básicos sobre a Libor, a taxa interbancária de Londres. É o caso do Citigroup, principalmente, mas também do JPMorgan ou Bank of America.
Os bancos de investimento foram ainda mais afetados e todos pagam prêmio superior ao do governo brasileiro em seus títulos. Enquanto o risco-Brasil - medido pelo prêmio do contrato de vencimento em cinco anos do swap de crédito da dívida externa brasileira - era de 100,30 pontos básicos ontem, o da Merrill Lynch era de 135,20 pontos pelo mesmo critério, enquanto o da Bear Stearns chegava a 173,20 pontos e o do Lehman Brothers, a 146,50 pontos.
Mesmo o Goldman Sachs, menos atingido por perdas com a crise das hipotecas, tem risco de 95,50 pontos básicos, próximo ao risco-Brasil. O risco do Citigroup está um pouco abaixo, em 81,90 pontos básicos, por causa da diversificação de suas atividades, mas ainda assim acima do risco da Petrobras, de 66 pontos básicos, e próximo ao da Vale do Rio Doce, de 83,90 pontos.
A saída dos grandes bancos americanos do mercado de empréstimos externos ao Brasil não significa aperto de liquidez para as maiores instituições brasileiras ou empresas de primeira linha. Os bancos americanos estão sendo substituídos pelos europeus, menos afetados pela crise de crédito, como Natixis, Fortis e Rabobank, e por fundos de hedge, de pensão e de investimentos.
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