Ainda bem longe do "nosso " setup de compra....
Friboi terá que reverter prejuízos da Swift
Desempenho abaixo da média nos Estados Unidos será o desafio da brasileira, que agora é a líder mundial em carne bovina
EXAME
A conquista da liderança mundial no mercado de bovinos pelo Friboi não virá sem dores de cabeça. A brasileira terá como desafio recuperar a situação financeira da Swift, empresa que tem fechado o balanço no vermelho e registrado margens menores do que a das concorrentes pelo menos desde 2000.
Desempenho abaixo da média nos Estados Unidos será o desafio da brasileira, que agora é a líder mundial em carne bovina
EXAME
A conquista da liderança mundial no mercado de bovinos pelo Friboi não virá sem dores de cabeça. A brasileira terá como desafio recuperar a situação financeira da Swift, empresa que tem fechado o balanço no vermelho e registrado margens menores do que a das concorrentes pelo menos desde 2000.
Comprada pelo Friboi, conforme antecipado ontem por EXAME, por 1,4 bilhão de dólares, a Swift registrou no último ano fiscal, encerrado em maio de 2006, vendas de 9,35 bilhões de dólares – uma perda de 3,3% em relação ao ano anterior. A queda foi ainda maior no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês): o resultado despencou 96%, para 6 milhões de dólares em 2006. No início de 2007, quando divulgou que considerava a possibilidade de venda, a americana anunciou também um prejuízo de 48 milhões de dólares e Ebitda negativo de 9 milhões de dólares entre dezembro e fevereiro.
Na comparação com as concorrentes, o desempenho da Swift se apresenta ainda mais combalido. A companhia tem registrado margens de lucro inferiores aos do setor desde pelo menos 2000 (clique aqui para ver o histórico). Em 2006, a indústria teve margem de 3,7%; a Swift conseguiu apenas 0,4%. "Há pelo menos 50 anos, em qualquer lugar do mundo, este setor tem margem de 3%, 4%, 5%", diz Joesley Mendonça Batista, presidente do grupo JBS, dono do frigorífico Friboi. Para reverter os resultados, Batista confia na experiência do próprio grupo. "Temos uma forte crença de que com as práticas aplicadas aqui no Brasil, com redução de custos, seremos capazes de normalizar a margem de lucro nos próximos dois anos", afirma. A expectativa é de que a Swift, nesse prazo, volte a registrar um Ebitda no patamar dos 230 milhões de dólares, por meio de medidas ainda apresentadas de forma genérica: aumento no rendimento de cortes, implementação de um programa de fidelização de clientes, otimização das equipes de vendas, melhor aproveitamento de subprodutos.
Segundo Batista, os maus resultados representam uma oportunidade: transformar a empresa em concorrente importante no maior mercado consumidor de carne do mundo, os Estados Unidos. A compra da Swift foi fechada por 1,4 bilhão de dólares, valor quase sete vezes menor do que a receita anual da companhia. Ao dono da companhia, a empresa de private equity HM Capital Partners – que com o antigo nome de Hicks, Muse, Tate & Furst havia investido no time de futebol do Corinthians – caberá um pagamento de 400 milhões de dólares, dos quais 225 milhões serão usados para quitar uma dívida antiga da Swift. O bilhão restante se refere à dívida que a Swift possui atualmente. Para refinanciar o débito até o fechamento do negócio, que deve ocorrer em meados de julho, serão emitidas duas séries de títulos, em nome da Swift e sem nenhuma garantia atrelada ao grupo brasileiro, no valor de 300 milhões de dólares cada. Mais 700 milhões serão prospectados no mercado, sendo que pouco mais de 400 milhões serão usados para complementar o valor total da dívida. O restante do dinheiro constituirá uma reserva para capital de giro.
A estratégia de reerguer companhias com maus resultados não é inédita para o Friboi. Em 2005, a companhia comprou as operações argentinas da Swift, que apresentavam margem de lucro quase nulas. No ano passado, a margem subiu a 6%, e espera-se que fique em dois dígitos em 2007.
Integração
Por causa do balanço no vermelho, as operações da Swift não serão imediatamente integradas às do Friboi em uma só companhia. Por enquanto, a Swift permanecerá como ativo da J&F Participações, holding que detém o grupo JBS, para evitar chiados do mercado. Segundo os brasileiros, o problema está no múltiplo que resulta da relação entre Ebitda e dívida. No caso da Swift, o débito é 10 vezes maior do que o Ebitda registrado nos últimos doze meses, de 100 milhões de dólares. No Friboi, diz Batista, o múltiplo é pouco superior a 2. "Se elas fossem unidas agora, o múltiplo da Friboi seria muito alavancado, e o mercado não aceitaria isso bem", afirma o presidente.
As sinergias, no entanto, já devem ser implementadas antes da integração, já que a holding J&F possui 77% das ações da JBS, dono do Friboi. "Esperamos que pelo menos 50% das operações se complementem em até seis meses", diz Batista. Oficialmente, Friboi e Swift só devem constituir uma única empresa quando a dívida da americana for reduzida ou quando sua operação se tornar mais lucrativa.
Novo mercado
Além dos desafios financeiros, o Friboi também terá de se aventurar em um novo mercado, o de suínos. A Swift hoje fatura cerca de 2 bilhões de dólares no mercado de carne de porco, e exporta 10% desse total. Como os brasileiros do Friboi não possuem experiência nessa área, o projeto é de inicialmente estudar a área por um prazo que pode se estender de 6 meses a 1 ano.
"Depois podemos decidir manter, expandir ou até vender o negócio", declara Batista. Hoje a Swift é a terceira maior em capacidade de abate de suínos nos Estados Unidos, país que é o terceiro maior produtor do mundo de carne de porco.
"Depois podemos decidir manter, expandir ou até vender o negócio", declara Batista. Hoje a Swift é a terceira maior em capacidade de abate de suínos nos Estados Unidos, país que é o terceiro maior produtor do mundo de carne de porco.
Ativos
Além da operação de suínos, que possui capacidade de abate de 50 mil porcos por dia, a compra da Swift garante ainda ativos como quatro plantas de abate bovino, que podem receber diariamente até 13 mil bois, uma central de processamento de carne e uma transportadora com 120 carretas. Na Austrália, a Swift possui outras 4 plantas de bovinos, com capacidade para 6 mil bois por dia. A união da americana e do Friboi gera produção e distribuição em 4 países. "Teremos acesso mais fácil aos mercados do Atlântico e do Pacífico", diz o presidente do grupo brasileiro.
A soma de todas as unidades também faz com que os donos da Friboi tenham a maior capacidade de abate de bois do mundo, um total de 47 mil animais por dia. Ficam para trás as concorrentes americanas Tyson e Cargill, com 32,6 mil e 26,1 mil cabeças por dia.
Gestão
Uma equipe de transição já está estudando as operações da Swift, mas a diretoria que comandará as operações nos Estados Unidos só será anunciada após o fim do processo de aquisição. Eles serão responsáveis pela administração dos 20 mil funcionários que a Swift possui, dos quais 15 mil estão na matriz americana e outros 5 mil na Austrália. No Brasil, o Friboi também possui 20 mil empregados.
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